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22 de mai. de 2009

IML ignora laudo de peritos que apontava alcool em sangue de deputado


O IML de Curitiba descartou o exame que apontava 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue do deputado estadual Fernando Carli Filho, quantidade cerca de quatro vezes maior do que o limite permitido para dirigir, que é de dois decigramas. O deputado foi o responsável pelo acidente que matou dois jovens.
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O acidente ocorreu na madrugada do dia 7 de maio na Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, no bairro Mossunguê em Curitiba. O veículo guiado por Carli Filho, um Volkswagen Passat, colidiu com um Honda Fit. Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, morreram no local.
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De acordo com o laudo do IML, foram realizados dois exames no sangue de Carli Filho, ambos finalizados no dia 17 de maio. Em um deles, realizado no sangue coletado pelos próprios peritos da polícia às 2h17 do dia 7 de maio, logo após o acidente, o resultado apontou que havia 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue do deputado, quantidade cerca de quatro vezes maior do que o limite permitido para dirigir, que é de dois decigramas. No outro exame, realizado na amostra coletada pelo Hospital Evangélico de Curitiba momentos depois que Carli Filho deu entrada, também logo após do acidente, o resultado deu negativo para álcool, segundo o laudo do IML.
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Ainda segundo o laudo, o instituto considerou válido somente o exame que deu negativo, alegando que a amostra de sangue coletada pelos peritos da polícia não tinha "finalidade específica para dosagem de álcool etílico e a sua manipulação objetivando obtenção de outros dados pode interferir na análise quantitativa de álcool etílico".
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O advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, solicitou ao Ministério Público que cobre esclarecimentos do perito do IML (Instituto Médico Legal) acerca dos exames que foram realizados no sangue do deputado estadual Fernando Carli Filho (PSB-PR) para detectar a dosagem alcoólica no momento em que ele se envolveu no acidente.
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Foi feito pedido de exame de DNA no sangue que não apresentou álcool para saber se é realmente do deputado. Em imagens divulgadas pela polícia, Carli aparece momentos antes do acidente em um restaurante com duas taças de vinho. Testemunhas disseram que Carli dirigia em alta velocidade, provavelmente disputando um racha. Os peritos encontraram fragmentos do carro em um raio de cem metros do acidente. As marcas da freada indicam excesso de velocidade, porém nas imagens das câmaras dos radares, o carro de Carli não aparece.
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São tantas evidências e tantas contradições, que foi criada uma grande dúvida no caminho das investigações. De acordo com informações do sistema de consultas do Detran-PR, Carli Filho recebeu 130 pontos em sua carteira de habilitação. Nos últimos seis anos, ele teve 30 autuações de trânsito, sendo 23 por excesso de velocidade. Mesmo assim continuava dirigindo.
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Por ser deputado, Carli Filho tem foro privilegiado, mas a família dos jovens e a opinião pública esperam que o deputado seja indiciado por duplo homicídio com dolo eventual-embora o réu não tenha a intenção de matar, assume o risco de provocar o resultado morte.
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Chega de impunidade no trânsito.
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Postado por Aberto Ruas /deolhonopúblico@hotmail

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