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18 de abr. de 2009

Crime em Novo Hamburgo - depoimento de uma assassina

Como em uma novela de horror, a empresária Roselani, tramou com antecedência toda a rotina do triplo assassinato que chocou a cidade de Novo Hamburgo, insanidade? Desespero diante da crise financeira? O que se sabe, é que em depoimento à polícia a empresária relatou todos os detalhes da tragédia.

Internada há três dias no Hospital Municipal para se recuperar de uma tentativa de suicídio, a empresária teve ontem a prisão preventiva pedida pelo promotor de Justiça Eugênio Paes Amorim, que também pediu exame de DNA dos corpos. Roselani já está indiciada por triplo homicídio qualificado e pode pegar de 36 a 90 anos de prisão.

O texto a seguir, faz parte do interrogatória da empresária Roselani D´Ávila. Com riqueza de detalhes, ela relata os momentos críticos do domingo de Páscoa até o desfecho trágico de terça e quarta-feira:
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Após vários anos de fartura, o casal de empresários Flávio Machado D´Ávila, 54 anos, e Roselani Radaelli Picinini D´Ávila, 47, passa o pior domingo de Páscoa da vida no luxuoso apartamento do Centro de Novo Hamburgo. Sem dinheiro, Roselani não se conforma por não ter comprado presentes para familiares, apenas um pequeno ovo de chocolate para a sobrinha Maria Francisca de Freitas, de 6 anos. Flávio toma banho e vai até a fábrica, dizendo para Roselani que tinha certeza que havia ganho na Mega-Sena.
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Ao retornar, o marido tenta conformar Roselani com a esperança de que na próxima semana ganhariam no sorteio. Chorando muito, a mulher diz a Flávio que vai matá-lo, pois não quer vê-lo sofrendo.
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- "Rose, isso é grave. Acho que tu vai ter que ser internada", imediatamente responde o marido.
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O casal vai segunda ao consultório de uma psiquiatra, onde fica combinado que a internação ocorreria em uma clínica de Dois Irmãos na terça-feira. A empresária questiona o marido como fariam para pagar o tratamento e ele responde que dará um jeito. Roselani não consegue dormir na madrugada de segunda para terça. Pega uma faca e passam-se três horas até que, às 5h38, decide matar Flávio. Ela cria coragem porque o relógio despertaria às 5h45, Ela enfia a faca no pescoço do marido, que começa a se debater na cama. Ela coloca o travesseiro sobre a cabeça, que cai e continua se debatendo no chão, até morrer . A esposa chora e diz para o marido que finalmente ele será feliz.
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Roselani vai para a cozinha e, chorando, conclui que não adiantaria a morte de Flávio se a irmã, Rosângela Radaelli Picinini de Freitas, 45, e a sobrinha Maria Francisca, filha de Rosângela, continuassem sofrendo. A homicida leva uma hora para escrever 14 páginas de cartas destinadas a familiares e decide que fará o mesmo com a irmã e a sobrinha.
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Ela toma banho e vai para a fábrica, em torno de 9 horas, onde diz que o marido tinha ido a Gramado para vender um apartamento. Fica no trabalho até as 15h30, quando pede ao motorista da firma para levá-la ao banco, onde saca dinheiro para pagar contas. Como estava com a faca do crime na bolsa, a porta giratória trava, mas o vigilante a deixa entrar por ser cliente conhecida.
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O próximo destino é a Catedral São Luiz, de onde, às 17h50, Roselani liga para a irmã e diz que está indo para sua casa a fim de ver a sobrinha. Já no apartamento de Rosângela, para onde foi de táxi, Roselani convida Maria Francisca para ir a uma lanchonete, lugar que a menina adorava. Rosângela se encarrega de levá-las, e as três vivem duas horas de fraterna convivência entre lanches e brincadeiras .
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A empresária diz à irmã que vai dormir em seu apartamento, pois o marido passaria a noite em Gramado a negócios. Rosângela e Maria Francisca adoram a ideia e retornam para casa. Roselani brinca com Maria Francisca, dá banho na sobrinha e a faz dormir, por volta das 22 horas. A empresária vai para o quarto da irmã, onde assistem televisão e conversam assuntos triviais até Rosângela pegar no sono, à meia-noite, Roselani pega a faca na bolsa mas, sem coragem de consumar o plano, fica acordada ao lado da irmã.
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Por volta das 2 horas de quarta-feira, a criança, sonhando, começa a resmungar, Rosângela corre para atender a filha enquanto Roselani finge que está dormindo, Rosângela acalma Maria Francisca e, depois de uma hora, retorna para o quarto. São 4h30 e a menina volta a chorar. Roselani combina com a irmã que passará para o quarto de Maria Francisca, para que a criança possa dormir com a mãe. Quando as duas pegam no sono, Roselani apanha a faca e parte para cima da irmã, mas não acerta o pescoço dela.
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Assustada, Rosângela se defende, luta com a agressora e pede para Maria Francisca gritar por socorro na porta de entrada do apartamento, a tia, seguida pela irmã, corre atrás da sobrinha com a faca em posição de ataque, Roselani se vira e começa a apunhalar a irmã no pescoço, enquanto a criança tenta em vão abrir a porta. Um vizinho já pergunta, do lado de fora do apartamento, o que está havendo.
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Após esfaquear a irmã, Roselani golpeia Maria Francisca, encurralada no final do corredor, enquanto mata a sobrinha, a empresária esfaqueia a si mesma, tentando o suicídio. Os vizinhos tentam arrombar a porta, mas não conseguem.
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- "Para, dinda" são as últimas palavras da criança, depois de ver a mãe sendo morta e se tornar o alvo da tia.
- "Querida, isso é um sonho", diz Roselani para Maria Francisca, lembrando o momento na lanchonete em que ficou com o coração apertado ao ouvir a afilhada pedir uma mochila nova, pois a sua não era de marca. A homicida tenta continuar se esfaqueando, mas está sem forças, e é socorrida após a porta finalmente ser arrombada.
(partes do interrogatório)NHonline

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