Enfim atrás das grades, lugar seu de direito, uma das figuras mais repugnantes da política brasileira, o ex-deputado federal Roberto Jefferson está preso. Então me diga, você leu nas mídias locais a repercussão sobre o caso? Alguém em algum site ou blog da direita pelotense falou sobre o duro golpe que a campanha de Jair Bolsonaro teve que absorver? Claro que não, eles querem mais é induzir o seu voto com pesquisas "fake" da Brasmarket. Então vamos a verdade que eles tentam esconder:
"O sujeito precisou publicar um vídeo com ataques misóginos contra a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, teve que atirar contra policiais com um fuzil e lançar granadas em direção à viatura da PF para que sua prisão domiciliar fosse revogada. Somente então, uma equipe da Polícia Federal entrou na sua casa e negociou calmamente sua rendição, rodeada de gentilezas com muitos sorrisos, descontração com a presença de um "padre de quermesse" e com o ministro da Justiça Anderson Torres acompanhando de perto do local, privilégio que Genivaldo de Jesus Santos não teve em nenhum momento do dia 25 de maio quando foi morto por agentes da Policia Rodoviária Federal por estar pilotando uma motocicleta sem capacete.
Bolsonaro sentindo o desgaste que vinha pela frente, correu para tentar tirar o rabo da reta e se desvencilhar de seu aliado, dizendo que "não tem uma foto dele comigo". Mais uma mentira de Bolsonaro, a internet rapidamente tratou de trazer luz as nebulosas afirmações e foi inundada com centenas de fotografias dos dois juntos.
Mas quais são, de verdade, as relações entre Jair e Roberto?
Roberto Jefferson começou a aparecer com maior destaque no cenário político nacional no início da década de 1990, durante o processo de impeachment de (hoje também aliado de Bolsonaro) Fernando Collor de Mello. Na época, Roberto Jeferson compôs a chamada “tropa de choque” do governo, que tentou a todo custo evitar o impedimento de Collor. Sem conseguir êxito, mas se projetando nacionalmente.
Em 1993, Roberto Jeferson apareceu como citado na famosa CPI do Orçamento. O relatório final da CPI foi inconclusivo sobre o crescimento de seu patrimônio, apesar de terem sido encontrados bens em seu nome que não haviam sido declarados à Receita Federal.
Roberto Jefferson retornou à cena política nacional em 2005, quando seu nome apareceu envolvido em uma suspeita de crimes relacionados a licitações nos Correios. Para desviar o foco do escândalo, o então deputado federal denunciou a prática da compra de votos de deputados da base aliada ao governo, escândalo que ficou então conhecido como “mensalão”.
Mas Roberto Jefferson não era uma mera testemunha. Em 2012, no marco do mesmo inquérito do mensalão, ele foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Após delação premiada, Jefferson passou a cumprir a pena em regime semiaberto e depois em aberto. Finalmente, em 2016, foi indultado pelo ministro Luís Roberto Barroso e teve sua dívida com a justiça anulada. Depois de alguns anos de afastamento de fato da vida pública devido a um câncer no pâncreas, Roberto Jefferson teve seu “retorno triunfal” em abril de 2020, quando aderiu definitivamente ao Bolsonarismo e fez uma live denunciando o suposto “golpe parlamentarista” que estaria sendo orquestrado por Rodrigo Maia contra o presidente Bolsonaro. Desde então, Roberto Jefferson não saiu mais dos holofotes e se tornou um dos rostos da ala mais radical do bolsonarismo.
Já em maio de 2020, Roberto Jefferson publicou em suas redes sociais uma foto portanto um fuzil e com a legenda: “Estou me preparando para combater o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os vendilhões da Pátria, Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”.
O protetor de Collor também foi cabeça na defesa do golpe fascista contra a democracia: “Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias GLOBO. Se não fizer, cai.”, tuitou ele na época.
Em dezembro do mesmo ano, em entrevista ao extremista de direita e abilolado Rodrigo Constantino, Roberto Jefferson voltou ao tema do STF: “Nós temos que entrar lá e colocar para fora na bala, no pescoção, no chute na bunda, aqueles 11 malandros que se fantasiaram de ministros do Supremo Tribunal Federal. Se o Supremo der a ideologia de gênero, nós temos que entrar lá e julgar aqueles caras todos no meio da praça, na bala”.
Em agosto no ano passado, Roberto Jefferson teve sua prisão preventiva decretada no âmbito do inquérito que investiga a organização de milícias digitais bolsonaristas, em janeiro deste ano a preventiva foi transformada em domiciliar, devido às condições de saúde do réu.
As relações entre Bolsonaro e Roberto Jefferson vão muito além de uma mera afinidade ideológica e uma colaboração à distância como a turma do bozo costuma dizer;
Em abril de 2021, Bolsonaro usou trechos de uma declaração de Roberto Jefferson em um vídeo publicado em seu twitter como prova de que seu governo “não rouba e não deixa roubar”.
Mas o fino da hipocrisia na relação dos dois veio com a campanha eleitoral. Roberto Jefferson tentou emplacar uma candidatura chapa-branca de Bolsonaro. Segundo o fascista Daniel Silveira, o objetivo da candidatura Jefferson seria “expor aquilo que o Bolsonaro não pode sem que seja perseguido”. O plano no entanto não deu certo e a candidatura de Roberto Jefferson foi cassada. A saída encontrada foi lançar seu vice, o suposto padre Kelmon, para fazer o serviço sujo que Roberto Jefferson estava impedido de fazer. E até certo ponto funcionou.
O candidato padre fez dobradinha com Bolsonaro nos debates da SBT e da Globo provocando e irritando Lula com acusações morais e mentiras e agora está mais do que engajado na campanha de Bolsonaro neste segundo turno. Tanto é assim, que foi negociar a rendição de Roberto Jefferson para a Polícia Federal no interior do Rio de Janeiro.
E por que essa atitude de Jeferson? Por que o vídeo contra a ministra? Por que atacar a Polícia Federal? Por que abrir mão de sua vidinha miserável de prisão domiciliar? De todas suas mordomias?
As suspeitas são muitas, mas nenhuma delas chega as raias da loucura ou burrice. Parece que Jefferson resolveu “ir para o sacrifício” para manter a base fascista alerta no caso de uma derrota de Bolsonaro. Ou quem sabe, diante da vitória de seu protegido, receber o perdão ou indulto.
E é essa ideia fascista que movimenta grande parte da direita pelotense que quer gente raivosa defendendo discursos de ódio e menosprezo ao cidadão comum, sempre escondendo a verdade.
Mesmo que essa seja a adequação dos falsos intelectos, haverá um ouvido próximo para escutar o sussurro da realidade.
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