Longe dos olhos da maior parte da população, escondido entre o verde das matas e das águas saturadas de mercúrio, amontoam-se pequenos corpos esquálidos e desnutridos de milhares de crianças Yanomami que estão sucumbindo à malária e a fome, vítimas de uma política genocida do ex-presidente que abandonou os interesses dos povos originários em troca do apoio incondicional de garimpeiros, grileiros e de invasores em um "golpe" malfadado.
Sem assistência médica há meses, a malária, que poderia ser facilmente tratada, se espalha livremente entre os indígenas. Os mais fragilizados são os pequenos indígenas, que além da doença tropical, sofrem com verminose e desnutrição. Oito em cada dez crianças yanomamis tem desnutrição crônica.
A grande dificuldade em alimentar o povo Yanomami se dá pela atuação de garimpeiros ilegais. Além de devastar a floresta, rasgando gigantescas feridas nas matas, contaminam as águas dos rios com mercúrio. A pesca, principal atividade de subsistência das aldeias, fica praticamente inviabilizada, por causa da contaminação dos peixes.
Além da degradação do ambiente com desmatamento e contaminação do solo e das águas com mercúrio trazendo seríssimas agravos à saúde, a ação de facções criminosas e garimpeiros favorece a ocorrência de estupros e da exploração sexual de crianças em troca muitas vezes de comida, levando muitas dessas crianças a morte por doenças que o povo indígena até então não conhecia.
Hoje, 21/01/2023, o presidente Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, visitam Roraima para verificar de perto esta triste realidade dos Yanomami. Vamos aguardar a tomada de medidas urgentes para que Roraima não se torne o Burundi brasileiro.
Nota: Segundo a desembargadora Sylvia Steiner, que por 13 anos atuou no Tribunal Penal Internacional (TPI), o genocídio se caracteriza pela tentativa de extermínio contra grupos étnicos, raciais ou religiosos específicos. Se a acusação de genocídio for feita por causa do conjunto da obra da gestão Bolsonaro em relação aos povos da floresta, a coisa muda de figura. "Há uma série de políticas anti-indigenistas desse governo", disse Sylvia. "Se observarmos a atuação do Executivo nessa área como um todo, não está afastada a possibilidade de identificarmos o crime de genocídio. Basta olhar a falta de demarcação de terras, as autorizações constantes para a exploração econômica dos territórios indígenas por garimpeiros e madeireiros, a destruição do habitat natural."
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